domingo, 31 de janeiro de 2016

Você acha que a cor da sua pele influencia na sua vida?

*Estou tendo alguma dificuldade para postar os vídeos, por enquanto vou disponibilizar somente os links.

1)    O Método
A pesquisadora Leila Moritz Schwartz, da USP, em sua obra Racismo no Brasil (1991), apresentou o resultado de uma pesquisa realizada em 1988 (ano que se comemorou o centenário da abolição da escravatura no Brasil). Essa pesquisa indicou que 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito racial, mas 98% afirmaram conhecer pessoas e situações que denunciam a existência de discriminação racial no Brasil.
Agora vamos às questões:
As opiniões apresentadas são coerentes? Óbvio que não são. Isso nos permite perceber que ter uma opinião nem sempre é suficiente para falar sobre um assunto com segurança. Ter opinião é banal. Qualquer um pode ter opinião sobre qualquer coisa.
Se ter uma opinião não é suficiente para analisar um assunto, de que forma podemos avaliar essas questões? Com pesquisas e conceitos (vide post anterior). Pesquisas abrangem uma amostragem grande da população, o que mostra determinadas regularidades. Diferente de experiências pessoais, que são isoladas. E conceitos funcionam, usando a metáfora do professor Ivan Dourado, como lentes que permitem ver o mundo de uma forma mais complexa.
Então ao falar sobre a discriminação racial no Brasil, precisamos deixar de lado as ideias pré-fabricas que ouvimos frequentemente (como “todo negro é vagabundo” ou “racismo é vitimismo”) e analisar de maneira clara as fontes confiáveis de informação.

2)    Os Dados
O Brasil é um país de proporções continentais, e possui características diferentes ao longo de seu território. Portanto, antes de começarmos a falar sobre dados específicos, precisamos analisar a distribuição racial. O objetivo desse texto não é fazer sensacionalismo, exagerando nos nados para dar a sensação que eles são mais relevantes do que realmente são. Por isso, vamos analisar a tabela abaixo, extraída da Wikipédia, que se baseia em dados do IBGE


Muitas das pesquisas não abordam as cinco etnias definidas pelo IBGE (branca, preta, parda, amarela e indígena), restringindo-se à oposição branco-preto ou branco-negro. Dessa forma, vamos agrupar pardos e pretos na categoria negros. Dessa forma, observamos que o Brasil tem aproximadamente 48,2% de brancos e 50,7% de negros.
 O professor José Jorge de Carvalho publicou em 2006 um estudo chamado O confinamento racial do mundo acadêmico brasileiro. Nesse estudo, constatou que na UnB (onde trabalha) havia um quadro de 1500 professores, sendo que desses somente 15 eram negros. Portanto, 1% dos professores eram negros na UnB. Feito isso, passou a pesquisar sobre a porcentagem de docentes negros em outras universidades públicas no Brasil, e constatou que na USP, Unicamp, UFRJ e UFRGS a porcentagem de professores negros não passava de 0,2%; na Ufscar era de 0,5%; na UFMG era de 0,7%. Você acha que a cor da sua pele influencia na chance de você chegar à faculdade?
Esses dados explicitam em primeiro plano a desigualdade racial no ensino superior brasileiro. Em segundo plano, denunciam o problema da falta de representatividade. Ao olhar para pessoas em posições importantes, um negro raramente vê alguém semelhante, que crie identificação. Não existe a representatividade. E os exemplos de negros que ocupam posições importantes, como Barack Obama e Joaquim Barbosa, são raros e distantes. Volto a falar do problema da representatividade depois.



Os próximos dados foram obtidos no Mapa da Violência 2015


Percebemos que em 2012 as armas de fogo foram responsáveis pela morte de aproximadamente 10.600 brancos e 28.900 negros. Ou seja, o número de negros mortos é 172% maior que o de brancos, o que corresponde que para cada branco morto por arma de fogo, foram mortos 2,7 negros pelo mesmo motivo.
Para a população jovem (entre 15 e 29 anos) as armas de fogo vitimaram aproximadamente 5.400 brancos e 17.800 negros. Nesse caso, a quantidade de negros mortos por armas de fogo é 233% maior, o que significa 3,3 negros mortos para cada branco morto.
Esses dados são alarmantes. Podemos considerar a população dividida metade-metade entre brancos e negros, conforme dito anteriormente. Significa que a cada 4 pessoas, teríamos aproximadamente 2 brancos e 2 negros. Mas falando em mortes por arma de fogo, em cada 4 mortos teríamos 1 branco e 3 negros. Você acha que a cor da sua pele influencia na chance de você morrer por arma de fogo?
           Trecho do documento na página 81: "Com relação aos níveis de vitimização por AF de negros, existem UFs, como Alagoas e Paraíba, onde essa seletividade racial nos homicídios por AF supera a casa de 1.000%. Em outras palavras, para cada branco vítima de arma de fogo nesses estados, morrem proporcionalmente mais de 10 negros, vítimas de homicídio intencional. O Paraná constitui a única exceção nacional a essa que parece ser uma regra quase universal no país͗ a taxa de óbitos negros é menor que a dos brancos. Isto é, morrem proporcionalmente 36,7% mais brancos que negros."
Essa tabela contém muitas informações, então eu sintetizei parte desses dados no gráfico abaixo. Ele apresenta a mortalidade de brancos e negros por estado no ano de 2012.



Percebemos quem em 4 (das 27) unidades federativas a mortalidade de brancos é maior que a de negros. São eles: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Contudo, vamos levar em consideração a distribuição racial nesses estados. Para uma análise criteriosa, vamos buscar os dados novamente na tabela. Mas vamos analisar isso com mais calma.
Em São Paulo a população é composta 68,4 % de brancos e 31,9 % de negros. Ou seja, para cada negro existem 2,1 brancos. Analisando a mortalidade por armas de fogo em 2012, foram 2.262 brancos e 1.863 negros vitimados por esse motivo. Ou seja, para cada negro morto houve 1,2 brancos mortos. Simplificando: na população, para cada 1 negro há 2,1 brancos; na mortalidade, para cada 1 negro há 1,2 brancos. Perceba que o fato da quantidade absoluta de mortes de brancos ser maior é porque a população é composta majoritariamente por brancos nesse estado. 
           Observe, por outro lado, que em Alagoas foram mortos 1624 negros e 68 brancos, o que significa que, para cada branco morto, foram mortos 23,9 negros. Você pode argumentar que nesse estado a quantidade de negros é maior que a de brancos, e é verdade: 26,8% da população é branca e 73% da população é negra. Portanto, para cada branco na população em geral, há 2,7 negros. Portanto a distribuição racial do estado não é justificativa suficiente para o índice de mortalidade de negros ser maior.


  3) De onde vem o preconceito? 
Os dados apresentados denunciam a existência do preconceito racial atrelado à sociedade brasileira. Mas o preconceito não é natural, ou seja, não é inerente à natureza humana. Ninguém nasce preconceituoso. Se queremos o fim do preconceito, precisamos entender qual a sua origem, para poder combatê-lo.
Machado de Assis, o fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL), geralmente é considerado o maior escritor da história do Brasil. Observe as duas imagens dele abaixo: a da esquerda é uma fotografia, a da direita é uma imagem extraída de um livro didático.


E aí, sacou a diferença? O cara é um personagem negro muito importante na construção da cultura brasileira, mas sua representação o mostra com a pele mais clara. Volto ao problema da representatividade: se você não vê, ou vê poucas, pessoas negras em posições importantes, fica a sensação que é assim que o mundo é. Que as posições de poder não são para os negros. Particularmente, eu acho assustador ver o racismo ser transmitido na escola, lar do conhecimento acadêmico para as crianças.


O problema do lápis "cor de pele" é se cria uma ideia de normalidade, de que a cor certa de pele é rosa claro. Aí se  a criança olha para o lápis "cor de pele" e a sua pele é diferente, fica a sensação que tem algo errado com sua pele. É novamente o problema da representatividade, dando a falsa sensação que é feio ou errado ser negro.











E quanto à mídia? Sabemos que a América passou muito tempo recebendo escravos negros. Assim, filmes e novelas que retratam a escravidão negra usam atores negros. Certo. Sabemos também que o Egito fica no nordeste da África, numa região desértica. Agora responda: como você acha que era a aparência dos faraós? Já havia pensado num faraó negro?











4) O negro também é racista
Conforme o que vimos, o preconceito está em todos os setores da sociedade: na família, na escola, na igreja, na mídia... Ao vermos uma manifestação racista, devemos perceber que não é uma manifestação individual, mas a sociedade exercendo seu poder sobre as pessoas. Crescemos em uma sociedade racista, então é muito comum se tornar racista. 
*O estudo do conceito fato social do sociólogo francês Émile Durkheim ajuda na compreensão desse fenômeno.
Então sim, os negros também demonstram racismo. Algumas pessoas acham que isso isenta de culpa os seus atos racistas. Eu acho isso assustador. Imagine você ver a si mesmo como inferior aos outros. O vídeo abaixo mostra o que eu quero dizer.



Muita gente diz "os próprios negros são racistas" e é verdade, e isso pra mim é a parte mais triste do racismo. Por isso que os movimentos de orgulho negro são importantes. Para valorizar a cultura e a aparência negra. Pra mostrar que um cabelo crespo não é ruim, como ainda tem gente que pensa. Ouço de vez em quando "um cara pode usar uma camiseta dizendo 100% negro, mas se eu usar uma camiseta 100% branco eu sou chamado de racista". Não é isso. Usar uma camiseta "100% branco" não te faz racista, só te faz um ignorante (pessoa que ignora). Usar uma camiseta que diga "100% negro" é uma forma de resgate de identidade, de mostrar que ser negro não é feio, não é errado, e que ninguém deve se sentir inferior por ser negro.



5) Você não precisa provar que não é racista
O racismo é muito comum. Não é normal, mas é comum. Devemos nos policiar constantemente para não sermos sujeitos de racismo. E ele se manifesta muitas vezes de forma inconsciente. Você vê um branco forçando o cadeado de uma bicicleta e supõe que ele perdeu a chave, você vê um negro forçando o cadeado de uma bicicleta e supõe que ele vai roubar, e você nem percebe isso.




Então não tente mostrar que você não é racista - tente não ser racista. Curtir e compartilhar a foto do bebê negro não vai fazer o mundo menos racista. Não é assim que se combate o racismo. O racismo se combate no cotidiano, nas coisas simples. Diga pro seu amigo que conta piada racista que ele é um babaca. Quando for julgar uma pessoa, pense "e se ela fosse de outra cor?". Pense nas coisas que você faz e diz automaticamente e avalie onde tu expressa o teu racismo. 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Método Tretológico

          O texto de inauguração deste blog não poderia ser outro. Muita gente costuma tretar na internet, mas às vezes não percebem que sua argumentação não é sólida o suficiente para debater um tema complexo. Bom, o objetivo desse texto é mostrar como deve ser uma argumentação consistente.
Observe que eu não pretendo dizer qual deve ser a sua opinião mas sim como deve ser a sua argumentação. Não me importa se você é de direita ou de esquerda, libertário ou comunista. Importa como você defende seu ponto de vista.
Por exemplo, digamos uma pessoa X esteja discutindo sobre ventiladores. A pessoa X prefere ventiladores com as pás triangulares. Se ela disser “eu gosto mais dos ventiladores com pás triangulares” ou “os ventiladores com pás triangulares são mais bonitos” sua fala não tem relevância. Isso funciona para a pessoa X, mas não é uma verdade inegável. Contudo, se a pessoa X disser “os ventiladores com pás triangulares movimentam uma massa de ar maior” ou “consomem, em média, menos energia” ou “acumulam menos sujeira”, assim ela poderá mostrar que esse tipo de ventilador realmente seria melhor. Observe que o que faz a diferença não é a opinião individual da pessoa X, mas a argumentação que ela usa.

Mas se a opinião não é suficiente para debater um problema social, em que devemos nos embasar?

Galileu é conhecido como o pai da Ciência Moderna por ter sido o cara que introduziu a ideia de que o conhecimento científico deveria ter a experimentação como suporte. Antes dele, seguia-se a tradição da Grécia Clássica, na qual se acreditava que o conhecimento poderia ser conquistado pelo pensamento puro.


Um bom exemplo pra falar sobre isso é sobre a queda dos corpos. Antes de Galileu, se acreditava que um corpo mais pesado cairia mais rápido que um corpo mais leve (Aristóteles afirmou que uma pedra de 2 kg cairia duas vezes mais rápido que uma pedra de 1 kg). Galileu provou que isso estava errado. Em uma experiência que ficou famosa, jogou dois objetos de tamanhos e massas diferentes da torre de Pisa, e ambos os corpos chegaram ao solo ao mesmo tempo.
Aí você poderia me dizer: “Opa! Peraí! Outro dia eu soltei uma bola de boliche e uma pena ao mesmo tempo e da mesma altura, e a pena chegou no chão bem depois que a bola”. Certo. A questão é a seguinte: Essa tua experiência pessoal não é suficiente para explicar a queda dos corpos. Você não pode usar uma coisa que você vivenciou para debater um assunto amplo.
*Um exemplo clássico desse comportamento é quando falamos com pessoas com mais de 40 ou 50 anos sobre a ditadura militar. Muitos costumam dizer “mas eu vivi nessa época, não era tão ruim” sem perceber que sua experiência pessoal não é o suficiente para entender a ditadura no Brasil (realidade maior que a experiência de uma pessoa).
*Outro exemplo são as pessoas que dizem “minha vó fuma desde a adolescência, tem 80 anos e não tem câncer, logo cigarro não tem nada a ver com câncer de pulmão”. Isso não é argumento contra pesquisas sobre os efeitos do cigarro que envolvem centenas de fumantes.
Certo, na ciência temos o método científico, que se baseia na experimentação. E nas tretas? No que podemos nos embasar para defender um ponto de vista, já que não é uma coisa simples fazer experiências sociais relevantes? EM PESQUISAS. Pesquisas abrangem uma grande distribuição amostral, e seguem certos critérios quanto a isso. E não adianta tentar defender um ponto de vista individual usando o argumento “mas todo mundo que eu conheço diz isso”, porque, além de ser um argumento duvidoso (você realmente sabe que todo mundo que tu conhece diz isso?), é limitado. A menos que você conheça todas as pessoas do Brasil.

Conceitos

Aqui nós estamos chegando em um terreno um pouco mais complexo, porém muito mais produtivo. Continuando a alegoria com método científico, vou seguir com o exemplo da queda dos corpos. Chega um momento que você está estudando a respeito e quer saber por que os corpos com massas diferentes caem na mesma velocidade, e por que isso falha pro caso da pena. Como você pode fazer isso?
Através de conceitos. É o seguinte: autores que estudam de maneira criteriosa, sistemática e profunda um certo tema, desenvolvem o que se chamam de conceitos. Na ciência, os conceitos são explicações, geralmente acompanhados por enunciados matemáticos, que nos permitem entender um fenômeno.
Sobre a queda dos corpos, um bom autor é Isaac Newton. Seus conceitos acerca da gravitação são excelentes. Ele explica, até certo ponto, como funciona a gravidade. Outro autor que ajuda nesse sentido é Albert Einstein. Sua teoria da relatividade geral também versa sobre a gravidade, de maneira um pouco diferente da teoria newtoniana.
Na ciência podemos usar conceitos para compreender a realidade, nas tretas podemos usar... conceitos! Mas é claro que aí mudam os autores. Nesse caso, segundo a metáfora do meu professor e amigo Ivan Dourado, os conceitos são como lentes que nos permitem enxergar a realidade de uma outra maneira, mais complexa.
Se você quiser aprofundar as discussões, pode buscar autores na filosofia, na sociologia, até na psicanálise. Isso demanda tempo, e existem conceitos que exigem muito estudo, mas vale muito a pena para a formação intelectual da pessoa.
*Aprenda os conceitos, mas não como mapas, que mostram como o mundo é. Use-os como lentes (reforço a metáfora do Ivan), que te fazem ver o mundo de outra maneira. Há pessoas que decoram os conceitos e acham que todo o mundo se encaixa neles, e deixam de ver o mundo, passam a ver apenas os conceitos. Exemplo: alguns liberais (à lá Constantino) acreditam que a interação oferta-demanda é perfeita na regulação do mercado, sendo que quando houvesse uma grande produção de determinado produto, haveria uma redução no preço (devido à grande oferta) e isso beneficiaria o consumidor. Parece fazer sentido, certo? Mas como se explica a notícia nesse link?

Pense Fora da Caverna

O Mito da Caverna é uma alegoria famosa criada pelo filósofo grego Platão. Nessa história, ele conta que em uma caverna vivia um grupo de pessoas, que ficavam olhando para a parede no fundo. Atrás deles ficava a entrada da caverna, que projetava sombras à sua frente. Ao olhar as sombras, essas pessoas pensavam que estavam olhando para o mundo real. Até que uma pessoa resolveu se virar e olhar para trás. Viu a entrada da caverna, se aproximou e olhou para fora. Como dentro da caverna é muito escuro, a claridade do dia fez seus olhos doerem. Contudo, essa pessoa esperou um pouco, até seus olhos se acostumarem, e então saiu para explorar o mundo. Depois, voltou para convidar as outras pessoas na caverna para conhecerem o mundo real. Levou essas pessoas até a entrada da caverna. No entanto, o sol feriu seus olhos e as pessoas saíram da entrada da caverna, voltando para a escuridão no fundo, que era confortável.
Pois bem, o que eu quero dizer por pense fora da caverna é: pare por um momento de pensar do jeito que você sempre pensou. Analise os fatos com pontos de vista diferentes. Pense se os argumentos da pessoa que discorda de você fazem sentido. “Seus olhos vão doer no começo” (sua mente vai bugar) mas no final isso vai te fazer crescer. Lembre que o velho pensamento simplista não engrandece um debate. Além disso, uma análise simplista de um problema complexo pode te levar a conclusões erradas.

Exemplo comum: Pena de morte vai reduzir a criminalidade. Será mesmo? Qual é a lógica? “Vamos matar todos os bandidos, daí acabam os bandidos e a sociedade está segura”? Ah, fala sério. “Os criminosos vão ter medo da pena, então vão parar”? Pense o seguinte: estupradores costumam ser estuprados na cadeia, e isso não impede que surjam outros estupradores.
*Além disso, a pena de morte é proibida por lei, e é cláusula pétrea, ou seja, não pode ser mudada. Se seu candidato diz que luta pela pena de morte, então ou ele não conhece a legislação brasileira (apesar de legislar há 25 anos) ou ele quer te enganar com um discurso populista, que não tem fundamento mas ganha votos.

Comparações

Dependendo do assunto, é conveniente fazer comparações. Quem é professor sabe bem como uma comparação bem colocada facilita a compreensão das ideias. Mas temos que ter um pouco de cuidado ao fazer comparações, porque corremos o risco de comparar coisas que na verdade não têm nada a ver.
As comparações mais comuns são comparações entre países. Nesse sentido, você precisa entender que países diferentes têm distribuições étnicas diferentes, histórias diferentes, valores sociais diferentes, economias diferentes. Já ouvi “a Inglaterra tem um modelo econômico essencialmente liberal, e lá as pessoas comuns andam de Mercedes e BMW”. Legal. O problema é: você realmente acha que você pode comparar a Inglaterra e o Brasil levando em consideração só o sistema econômico? Lembre que a Inglaterra foi o primeiro país a passar por uma Revolução Industrial, e o Brasil teve uma industrialização tardia.


Uma maneira segura de fazer esse tipo de comparação é analisar no mesmo país o que aconteceu antes e depois de um certo fenômeno. Por exemplo, se falamos sobre a legalização das drogas, podemos analisar como era a Holanda antes da legalização e o que mudou depois da legalização, ou podemos analisar como era o Uruguai antes da legalização e como ficou depois da legalização.